23 outubro 2009

O Quarteto da Orgia

Início de madrugada, de uma quinta-feira qualquer, telefonemas breves, passagem rápida para encontrar um dos amigos e saímos com o objetivo de beber uma cerveja – uma só – somos quatro, todos com mais de “trinta”: Um no início, outro no meio, e um representante do finzinho dos 30; o mais experiente contabiliza 41 anos (há pelo menos 04 anos o conheço e sempre a mesma idade, enfim...). Rasgamos a rua, caminhando lado a lado com passos sincronizados bem no meio da via, rindo alto e comentando o noticiário particular em comum.

Vindo na direção contrária um homem, que ostenta o epíteto “Chacal”. Ele olha o grupo, sorri maliciosamente, balança seu corpo e afirma com uma voz deliciosamente lasciva: Vocês hein, o Quarteto da Orgia.

Confesso que ao ouvir a designação me senti como uma prostituta barata, de bota cano longo, minissaia e cigarro na boca coberta de batom vermelho.

Estou seguro de que nunca integrarei uma orgia, sou careta e até um tanto “conservador” – mas o curioso é a percepção do Chacal à lascívia do grupo, que é verbalmente sexual.

Chegando ao “Zueira” (boteco que fica aberto a madrugada toda, todos os dias da semana), o que era a percepção de um notívago se materializa fisicamente.

Ao cumprimentar um amigo, este me abraça forte e me suspende pelas pernas até a altura de sua cintura, de forma violenta e ao mesmo tempo casual.

Os próximos minutos, enquanto a cerveja não acabava, foram sucessões de pequenas perversões:

Expulsão de uma bêbada (mal vista por alguns do grupo), o rapaz preferiu ficar com o Quarteto da Orgia, e falava isso em tom debochado para a rejeitada e inconformada mulher.

Vídeo pornô caseiro exibido para todos. Simulações de brigas por ciúmes, um pênis fora das calças em frente à mesa e todos, e a garrafa de cerveja ainda com conteúdo gelado.

Comentários maliciosos diversos, mordida no queixo, tapas nas coxas, brincadeiras de duplo sentido e olhares, olhares diretos nos olhos, sorrisos tímidos e as vozes dos homens a cada momento mais presentes e embaralhadas, graves e estridentes.

Na primeira sugestão em ir embora me levanto da cadeira e me despeço de longe – com o clássico tchauzinho de miss. Na segurança da minha casa, respirei aliviado pela não realização da profética frase dionisíaca. Perdoem-me as bacantes, mas de dissoluto só tenho a imagem.



8 comentários:

  1. Pois é. Parada obrigatória no Brasil: Bar Zueira...hahahahahahahahahaa
    Ps: adorei o sentimento de "prostituta barata" com direito a batom vermelho e cigarrinho. Só faltou a meia arrastao!!

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  2. Angélica, eu até pensei na meia arrastão, mas ela não combinava muito com a bota cano longo. Prefiro meia arrastão com sandália de salto fino rs rs rs rs rs...

    Obrigado pela visitinha.

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  3. hauaha Esses teus textos são fodásticos. Eu conheço o seu "clássico tchauzinho de miss" kkkkk

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  4. Oi Giuliano,
    Retribuindo a visita. Gostei do post, descrisção perfeita que faz o leitor caracterizar cada personagem visualizando a cena. Muito bom mesmo.
    Enfim, sou fã do Luis. Passo sempre que posso no blog dele ou sempre que tem novidade a bem da verdade.
    É isso espero te ver outras vezes entre nós....
    Jay

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  5. GIU!!!!!!!
    Vc precisa escrever mais.
    Seus textos são ótimos

    beijos

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  6. Renata, que bom que gostou do que leu.
    Prometo não abandonar o "Ordinários Fragmentos", vou em busca da disciplina para postar rs rs rs...

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  7. Silvana, volte sempre.
    Visitinha ao seu blog já está agendada.

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  8. hum esse xauzinho de miss eu conheço sou aprendiz qrido bjus ...

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