31 dezembro 2011

Esqueça, não vou me apaixonar

Não vou me apaixonar por você, simples assim. 
E nenhum efeito vão me causar estes seus olhos amedrontados, os meios sorrisos fugidios e nem mesmo a maneira como você tenta se explicar de qualquer que seja a situação que meu olhar incisivo condena. Esqueça, não vou cair nas armadilhas de seus atos perniciosos que visam me agradar e, enfim, me capturar. Não serei seu par para mais uma dança, e nem adianta tentar me convencer mostrando as músicas de sua predileção e buscando nelas a trilha sonora em comum. Quem sabe entre elas esteja a nossa música? Não, não vou me entregar. Amigos, apertos de mãos e talvez algumas envergonhadas trocas de olhares, só isso e nada, mas nada mais mesmo. E a gente brigando, e rindo, fingindo que nos odiaríamos para todo o sempre e as mãos e faces rígidas – arianas – se desmanchando em sorrisos bobos e caretas inocentes. É, tenho de confessar, é bom estar com você, para você.
Eis que segue o fluxo cotidiano, e a certeza de que não vou me apaixonar, não posso e também não quero.
Apaixonar-se para quê? Não insista, desista de me seduzir assim de viés. Mas houve aquele beijo, as suas mãos firmes e o gosto acre na minha boca, afinal não era nela que você bebia. Perdi o chão, senti-me inadequado, um completo imbecil. Diante da realidade não me restou nenhum lapso de dignidade ou autocontrole, sem pensar fugi.
Ainda bem que não vou me apaixonar, mesmo doendo e me fazendo entristecer, além desta sensação de “por quê?” aqui em mim sei que vou melhor assim sem querer você comigo.

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