03 fevereiro 2011

Observando assim, de longe...


Negação. Apesar da experiência acumulada entre tantos encontros e desencontros ainda tento me enganar e, mesmo contra as evidências, finjo indiferença e não aceito este estado emocional (e condicional) que tão vulgarmente é alardeado: Apaixonado...
Por mais que os olhos marejem, o pensamente me traia e o rosto “dele” esteja por todos os lados eu me armo de uma indiferença disfarçada e resgato a altivez de outrora. “Não, eu não estou apaixonado”. Encubro o óbvio com um verniz aquoso, mistura decadente de segurança e auto-suficiência. 
É apenas mais uma tempestade e eu, o sol, vou continuar brilhando sem a necessidade dessa nova luz – a dele.
Perder o comando dos meus desejos, ser invadido pelo outro, buscá-lo no travesseiro, acordar quase sufocando e sempre ver a mesma face risonha daquele que amo – mas não assumo. 
Não é para principiantes a desdita de se apaixonar assim, mas quando o desespero enfim lambe todo meu corpo caio prostrado diante de mim, e só de mim.
Não consigo encarar a derrota, perdido em um campo estéril eu grito, cravo as unhas na pele e me contorço a fim de me transformar, mas quando a garganta já não mais aguenta é o nome daquele que tem de ser meu que brota entre meus lábios desejosos, só dele. Minha água, ar, alimento, rotina, sono, chão... Tudo é ele, e neste momento (meu e de mais ninguém) rasgo meus joelhos em prece seja lá para quem for e ainda tento negar, mas é tarde não há mais razão para lutar, não há vida nem mesmo morte, só há ele. Ele está em mim, e eu sou uma sua cicatriz de infância esquecida pela presença constante e não importante. Dizer que o amo, talvez a solução para extirpá-lo de mim... Mas o tempo das palavras amenas, sorrisos bobos e um encantamento quase tátil se foi. Perdi a exatidão daquele momento que seria definitivo, no qual a resposta me elevaria e nosso sorriso seria um mesmo sorriso e descansaria num beijo. Agora ele se foi, apesar de sua lembrança estar me acompanhando constantemente, tal qual um cachorro vadio ao seu dono. Amo-te não mais consigo negar, mas cabe agora ficar quieto e não bagunçar sua vida com minha risível pretensão fora de hora, resta-me te olhar assim de longe e sofrer a falta sua e daquilo que poderíamos um dia ter sido. Quero você feliz, tanto quanto ainda quero te fazer feliz, mas peço que sua felicidade - com o passar do tempo - não me doa como agora. Ver você feliz é ter uma lâmina voraz dançando no meu corpo, mas esta agonia é nada perto da imagem de tristeza que te assombra. Que a dor seja lancinante, eu suporto. Só não consigo te imaginar triste e sem amor, mesmo que não o meu.

Um comentário:

  1. Voltei a este universo que tanto me encantava antes. Porque o abandonei? A questao é que eu abandonei a mim mesma, com medo de questionamentos, como este que você fez acima e medo da tao óbvia resposta.
    Voltei. Quero mais posts....fome de Giuliano!
    Beijos
    http://slumdogangel.blogspot.com/

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