28 abril 2011

Tão bom me aninhar em você

Naquela madrugada ninguém eu pensava encontrar, muito menos você - que sorriu, disse meu nome de uma maneira particular, e me abraçou.
Sorrimos um para o outro, é sempre assim, e de repente estávamos nós (e eles) sentados naquele banco  que eu nunca havia ao menos reparado e que hoje é um nosso ninho vazio sob as estrelas. A culpa é sua, lembre-se que foi você quem primeiro brincou e me puxou para suas coxas nas quais eu lasso me acomodei, mas logo me desvencilhei e neguei. Falamos bobagens, rimos, e nossas mãos procuraram inocentemente minúcias de nossos corpos; por que afinal eu consenti que se deitasse em meu colo?
Seu rosto, suas orelhas, o peitoral, e aquele músculo do seu braço que tantas vezes foi acariciado pela minha mão que descobria seu moreno corpo; por que você me olhava e sorria?
Tentei parar, eu juro, mas suas mãos me desvendavam: coxas, pernas, costas, mamilos. Quem resistiria? Alguns poucos carros passavam, eles (os outros) estavam presentes, mas não estavam com a gente. Até mesmo o velho insone à porta não oferecia obstáculo, apesar do inusitado éramos eu e você - nós e só.
Então você disse: "Você vem?", eu turvando a razão, mas crendo no meu autocontrole te segui. Foi um delirante absurdo que vivi, por você, e não sinto culpa ou arrependimento. O gosto da sua língua, seus sorrisos, o corpo nu, minhas mordidas, seus cafunés, e os abraços que nos tornavam um só, a gente se aninhava um no outro - unidos. Qual força nos separaria?
Naquela madrugada fiz o que nunca tinha ousado fazer, e gostei. Gostei porque você me dominou, sem violência, e me afogou em minha própria vala emocional - eu só reagi a você.

A satisfação em me ouvir te chamar de "meu bebê" é a mesma que senti a cada palavra sua sussurrada. Por que não te abraçar de novo?
Foi idílio e dionisíaco, fez-me tão bem e tão outro. Mas foi só aquela noite: teus olhos não mais vão me domar, teu abraço não mais vai me prender e sua boca não mais será meu alimento. Só resta mesmo uma história para lembrar e aquela despedida em tom de até breve: "Tchau Jú...", e assim eu fui, e continuo indo - não sei para onde. Só sei que sem você que foi uma vez tão meu.

3 comentários:

  1. Boquiaberta...
    Um texto assim exige um comentário digno...mas nao consigo articular...amei....intenso e Giuliano!
    ;)
    beijos

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  2. Angélicaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa, amo tanto seus comentários. E que bom que alguém assim como você gosta, afinal não somos para muitos.

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  3. Deus meu! Que linnnnndo! Giuliano, como vc aguenta essa alma imensa dentro de vc? Ah... eu sei! Ferreira Gullar disse: "a arte existe pois a vida não basta." Acho que isso explica vc.
    Beijokas.

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