29 agosto 2009

Apenas mais um filme não assistido

Uma das poucas coisas que muito me irritam é assistir filme ruim, odeio perder tempo com filmes que nada têm a acrescentar, se for sucesso de público eu nem me arrisco porque sei que é mais do mesmo da Indústria Cultural, e isso me cansa. A ojeriza não me transforma em um crítico embasado ou um cinéfilo de nariz empinadinho e ar intelectualóide, mas eu gosto de Cinema para pensar ou para sentir, e mesmo os filmes menos densos tem de ter personalidade e bons diálogos e interpretações (coisa rara atualmente). Poderia arrolar uma lista de filmes que eu sou apaixonado e que têm relevância, mas listas de bons filmes existem aos montes. O que interessa são os filmes que fazem parte da minha vida, porém nunca assistidos. Entre os “não-assistidos” está a obra de Stanley Kubrick denominada Laranja Mecânica (A Clockwork Orange - título original, para solenizar) que desde sempre tenho enorme vontade de assistir, sempre li críticas e comentários que me fomentaram expectativas quanto à obra. O último a acender a chama do desejo cinematográfico pelo Laranja foi o Italianinho* (um “amigo” responsável por perturbações emocionais constantes e diversas). Cinéfilo confesso e apaixonado/ante o Italianinho defende o filme e insiste em que eu assista. Não, não vou assistir. O desejo ainda existe, mas o filme entrou na lista de filmes que eu não posso assistir. É mais uma das minhas esquisitices, eu tenho uma pequena lista de filmes que não assisto por terem eles sido configurados a serem vistos em alguma circunstância. Apenas assistiria o Laranja se fosse da maneira a qual idealizei: só eu e meu amigo Italianinho em um ambiente escuro – a caverna – bebendo alguma coisa (Coca-cola, vinho, suco natural, H2OH!, cerveja, água), tentando parar de rir para dar o play, e jogados confortavelmente (na cama, sofá ou chão). Imagino se ele iria ficar quieto envolvido pelo filme ou se ia narrar o que estaria por vir, pedindo atenção minha a determinadas partes, sei que ao término discutiríamos sobre cada cena, ele orgulhoso enfatizaria que tinha me falado sobre o filmaço, nos olharíamos como adolescentes que têm em comum um segredo, mais um. No auge da perfeição/ilusão penso que poderia assistir ao filme de mãos dadas com ele, cumplicidade e reações em tempo real. As mãos se apertando, os dedos brincando e o filme a nos unir. Só nós e a obra de Kubrick.

*Personagem fictício, qualquer semelhança não é mera coincidência.


2 comentários:

  1. Ow God. Já ouvi muitas recomendações deste filme, parece bom. Também nunca o assisti.
    A nova imagem do cabeçalho do seu blog está melhor que a última, se minha opinião valer, rs.
    Tchau Giuli's.

    PS: Volte ao MSN

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  2. Suuuuuper vale sua opinião Saraiva!

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