Os olhos lacrimejam incessantemente, a garganta está fechada e ardendo como se por ela passassem labaredas, e o resto do corpo arde em febre – calor!
Não se trata dos sintomas da mais nova gripe que aterroriza o Brasil e o mundo, a H1N1, popularmente conhecida “gripe suína”, ou até mesmo “do porco”; é apenas mais uma das tantas gripes que fazem parte do meu cotidiano.
Aos que me conhecem já não se trata de novidade eu ficar impossibilitado de tudo e qualquer coisa quando estou acometido pelas dores de garganta, gripes e afins que me acompanham sazonalmente e muitas vezes até viram motivo de piada. Em geral as mazelas causadas duram uma semana, na qual a doença começa lenta e despretensiosa, atinge seu ápice com muita dor e desconforto, até que gradativamente diminui de intensidade e se vai, para em breve retornar.
O lado positivo de se ter uma recorrente doença é o fato de melhor lidar com ela e de, aos poucos, controlar os sintomas e burlar as estratégias.
Desta vez não me poupei de conhecer um dos maiores sucessos do roteiro “off-society”, que por motivos de posicionamento de imagem relutava em prestigiar, o “Forró do Cabelo”. Já que ia ficar doente resolvi não me privar de diverção.
Pela experiência adquirida eu já sabia que no domingo estaria de cama, então resolvi aproveitar este que seria o meu último dia aturável antes de entrar em contato direto com a dor, comprimidos, rolos de papel higiênico, febre, rouquidão, suor, e mais dor.
Fui-me junto ao meu parceiro e cúmplice Fabiano ao centro do Morrinho III, sim o Forró do Cabelo está incrustado na região central entre o Morrinho II e IV, e entre as duas principais avenidas que o circundam e servem de fronteiras.
O ambiente é aberto, de fora é possível ver aqueles que estão dançando ou no “esfrega-esfrega” do salão.
Ficamos bem na frente do estabelecimento e encontramos lá a nata do Morrinho, muitos destes vieram até nós para cumprimentos informais, apertos de mão, leves acenos, sorrisos de alegria em nos ver, e até um mais afoito que nos motivou a irmos embora.
O diferencial do local é, sem dúvidas, o número de pessoas que realmente gostam do ritmo forró, é fácil encontrar velhinhos alcoolizados felizes e dançantes vestindo trajes típicos – originalidade pura.
No “Cabelo” também se encontra pessoas que não mais frequentam o circuito padrão e não foram poucas as vezes em que falei surpreso: “ Nossa, Fulano aqui. Há quanto tempo...”
Os usuários de ilícitos também marcam presença, assim como as inúmeras mulheres do bairro, ou não, que só dizem sim. Para combinar com o ambiente as nomearei "Quengas".
É uma delícia. Vale a visita, apesar do difícil acesso e possíveis escoriações em sua imagem. Mas como imagem não é nada e sede é tudo, tome uma cerveja gelada ou mesmo um conhaque com mel e limão (dizem que a mistura previne a gripe) e aproveite o exótico sem limites do “Forró do Cabelo”.
E como minha gripe não é suína, estou na fase descendente e em alguns dias estarei melhor e pronto para a próxima, que pode ser lá no Morrinho III.
Giuliano
ResponderExcluirVocê é um dos poucos caras que sabem escrever no Guarujá.Tomei a liberdade de fazer um link do seu blog para que cada vez mais gente leia seus textos. Parabéns!
Obrigado pelo elogio, eu me esforço para escrever direitinho e com um pouco de personalidade.
ResponderExcluirObrigado, de verdade.