16 agosto 2010

Não mais que quatro gemidos

Percepção de tempo é muito relativa, alguns minutos podem ser quase nada ou longuíssimos (até mesmo definitivos), mas há alguns padrões mínimos exigidos/esperados quando o tempo corrente é preenchido com sexo – sim eu também faço isso, menos do que pensam meus leitores e bem mais do que imagina minha avó.

Um perdido, numa noite perdida, encontra-se entre uma encruzilhada, são dois os corpos expostos no açougue da ordinária madrugada.

Ele hexita, olha, dedilha seu aparelho celular, esboça falar e ziguezagueia por entre ruas. Praticidade - e os corpos, antes expostos em conjunto, agora seguem caminhos distintos e jogam o peso da decisão para o errante explicitamente indeciso.

Alguns passos, outras ruas e a tão recorrente paradinha estratégica. Olho de soslaio e entre os dentes um tímido: – “Chega aí!”, apenas aceno a cabeça e o faço virar a esquina atrás de mim.

O cumprimento com firmeza: - “E aí, beleza?”, e em resposta outra pergunta: - “A fim de pagar um boquete?”. Encaro o objeto da aventura sexual sem compromisso, e afirmo com um casual: - “Demorou”.

Homem jogado em cima da cama, membro em riste e um meio sorriso no seu rosto, enfim...

Nem sequer 2 minutos e meio depois já estava finalizado o ato, desejo (dele) saciado entre lábios e língua. O tempo exato de umas quatro gemidas, e seu gemido baixo, contido, era excitante – mas não o suficiente.

Um tchau sem compromisso e protocolar, ele ainda olha para trás e vai. Tranco a porta, e o primeiro pensamento que me vem à tona é o de que se eu fosse uma prostituta aquele seria o melhor programa da noite, sem tensão alguma e o dinheiro da carteira dele ao meu bolso em no máximo três minutos – o tempo de preparo de um miojo. O não-sexo me obriga a saciar ao menos a fome cotidiana do fim das madrugadas. A cozinha desarrumada me espera e é onde encontrarei algo para matar a fome, mas infelizmente lá não há nenhum macarrão instantâneo que seja rápido e prático assim como meu mais recente parceiro. Até o lanchinho da madrugada demora mais que ele.

2 comentários:

  1. HEHEHE...

    A primeira traz consigo a tensão. No segundo encontro pode ter certeza que ele demora o mesmo tempo que se perde pra cozinhar uma caixinha de Barilla.

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  2. Fabi este candidato não passou nem da primeira fase, e deve ouvir: "Pra mim hoje é não".

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