26 maio 2009

Domingo: Futebol e a delicadeza de Fabiana

O sol iluminando o domingão convidava para uma tarde à beira de um campo de futebol. E antes do início da partida do primeiro quadro do “Amador” estava eu na várzea, recepcionado pelas boleiras Fernanda e Carine.
A partida de futebol estava sofrível, mas a qualidade física dos jogadores era inquestionável; de tirar o fôlego o desfile de corpos suados e bem planejados. Entre os destaques, uma criatura moldada com a perfeição da arte grega e seu ideal de beleza.
O que era aquilo? O negro da sua pele, a curva precedida por dois “furinhos”, e as costas mereciam premiação na categoria melhor design. Eu, que não tenho o pé na senzala, não me incomodaria de viver alguns momentos Carlota Joaquina.
Respirei fundo, voltei ao meu padrão (pouquíssima melanina), e salivei inúmeras vezes vendo “O Rei”, uma mistura perfeita de cor, pelos, suor, músculos e uma dose de timidez. Virei súdito, e não consigo esquecer até agora do “Corpo da Rodada”, eleito por duas semanas consecutivas. Fim de jogo, mas não fim de programa.
Nem sequer desconfiando para onde ia, estava agora percorrendo algumas ruas labirínticas no bairro Areião (só fiquei sabendo que se tratava desse bairro quando já estava reconhecendo terreno).
Eu, Fabi, Julio César – marido/amigo da Cá, Fernanda, Carine e Dora (uma quarentona, farta de carnes, lasciva em excesso e obviamente levemente alcoólica) fomos convidados à mesa de um casal amigo do Julio.
A casa, extremamente simples, pareceu-me de uma grandeza ímpar. Essa boa impressão foi fruto dos cuidados de Fabiana, a anfitriã, que com seu gestual rápido e delicado transformava a pequena casa em um palácio.
Mesa posta com os melhores utensílios, sorrisos, atenção especial com os detalhes e o alimento oferecido, temperado com um carinho diverso e verdadeiro aos meus impressionados olhos.
Como uma gueixa, em um corpo tropicalmente brasileiro, Fabiana sem alvoroço cuidava de tudo e exercia a arte de receber com maestria. Algumas vezes provocada a ser um pouco mais mundana e mostrar suas formas conosco no carnaval Fabiana enrubescia e timidamente declinava do convite. Maldade nossa, afinal é dentro daquela casa simples na companhia de um marido exuberante e suas filhas que Fabiana se sente mulher, feliz e esconde no canto dos lábios uma sede ariana por trás de toda delicadeza e resignação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário