11 janeiro 2011

Sexo literário

Aconteceu em uma rede social, por intermédio da (muitas vezes estigmatizada como fria e distante) conexão via internet. Somos três, todos com pouco mais de trinta anos, inteligentes, intensos, bem e também mal humorados, sabedores do que somos e sem nenhum medo de brincar com as palavras, palavras estas que muitas vezes me estupram e em outras ocasiões deitam em meu peito e repousam cálidas. A centelha que deu início às labaredas incandescentes foi sem dúvida minha afirmação de que após as 00:00 horas estava liberada a baixaria. De imediato minha amiga Carine proclama por Norminha (A Casa dos Budas Ditosos), e sem cerimônia anuncia que o personagem literário sou eu.
Sidney, tomado de lascívia, adentra na sacana conversa. Tento a inútil defesa, e me defino como um híbrido entre Macabeia (A hora da estrela) e a devassa Norminha – em vão mesmo. Recorro também à questionável inocência de Capitu – a dúvida é um traço da minha personalidade.
Risadas, conteúdo erótico, pornografia e muita cara de pau, eis que nos deparamos com a inquestionável maravilhosa obra de Machado – Dom Casmurro. E não apenas a traição ou não de Capitu foi discutida, nós alados que somos queríamos algo mais alto, superior. Entregues ao momento, que em breve explodiria em epifania, assumimos nossos desejos pelos personagens. Bentinho levou tapinhas na bunda (meu amigo Sidney era voraz), Capitolina sadicamente sucumbiu ao nosso autoritário sexo literário e todos nós nos misturamos àqueles personagens que se faziam humanos enquanto nós nos transformávamos em letras/palavras. E nessa orgia eu sujo de fluídos, palavras, pensamento e “Devaneios de um Cabaré” assumi pela primeira vez minha paixão por Escobar – que estava suado e satisfeito junto a nós. Bento me perdoe a traição, Capitu sorria satisfeita e vingada, pois Escobar é meu objeto de desejo e ele foi inteiro meu naquela noite, ao som de música francesa acompanhada dos sussurros e gemidos cúmplices.

4 comentários:

  1. Te definir como a Norminha é ter história pra literalmente, dar e vender... já a Capitu, oh Capitu, é totalmente o oposto, uma vez que jamais saberemos seus segredos, se é que eles existem. 1beijo ;]

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  2. Oi Ciin, seja bem-vinda rs...
    E eu te pergunto: E qual mulher não esconde ao menos um segredo?

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  3. Faço parte dessa putaria literária... Giu e Sidney melhores cias para debater literatura na madruga

    Carine... bjos

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  4. aah sim, escondem, mas as amigas sabem ;P rsrs

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